sábado, 28 de maio de 2011

Que Picaretagem!

Quem me conhece, sabe que não é novidade que gosto do Programa Pânico, mas não posso deixar de fazer essa crítica a respeito da entrevista com passada no último domingo. Cada vez mais, parecemos ter menos valores, nos importamos menos com a vergonha na cara. Querem fazer do estelionatário em estrela. Entrevistar tudo bem, mas rir das pessoas que levaram golpes desse bandido. Onde está nosso senso? E olhem que isso não aconteceu apenas nesse programa humorístico não. O aludido também foi entrevista pela 1ª dama da televisão brasileira, sim, a respeitada apresentadora Hebe Camargo também o entrevistou.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Aos 30!

Um dia após completar 30 anos, algumas perguntas me fizeram.

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segunda-feira, 2 de maio de 2011

Minhas Sinceras Desculpas... e Minhas Sinceras Explicações!

Faço comentários hoje a respeito da polêmica passagem do ator Eduardo Sterblitch por Recife que aconteceu há um mês. O ator é conhecido da maioria do público por integrar o elenco do Programa Pânico, onde faz interpretações nada convencionais de personagens como o César Polvilho, o Freddie Mercury Prateado, o Ursinho Gente Fina, o Professor Tititica, entre outros. Antes de integrar o elenco do referido programa de humor, Eduardo fez parte do grupo de teatro Deznecessários juntamente com o ator Paulinho Serra e veio a nossa terrinha para apresentar seu grande espetáculo Minhas Sinceras Desculpas.

Na noite do dia 02 de abril, Eduardo se apresentou em três sessões super lotadas no Teatro da UFPE e eu estava lá para prestigiar o ator, mas demorei um pouco para postar meu comentário sobre a apresentação porque antes eu queria ler as críticas sobre o espetáculo e logicamente utilizei algum tempo respondendo comentários malcriados para algumas delas.

Por toda polêmica, na condição de fã, sinto-me na obrigação de tentar esclarecer os aspectos mais relevantes e também discordantes do referido espetáculo. O fato é que tanto a passagem de Eduardo em Recife, quanto em outras cidades brasileiras têm gerado fortes discussões e controvérsias no universo dos blogs. Na verdade meu objetivo é apenas fazer uma análise para que quem ainda não tenha assistido a peça, possa ter um embasamento geral do que vai encontrar quando for assisti-la. Mas é perfeitamente possível que meu "desabafo" seja ratificado por outros fãs que assistiram, se surpreenderam e gostaram do que viram. E finalmente, para as pessoas que já assistiram a peça e saíram do teatro com a sensação de que viram o pior lixo da face da terra, dou duas saídas, ou continuem achando um lixo ou entendam a proposta feita pelo ator com esse espetáculo.

É difícil descrever e entender alguns aspectos dessa peça, parte do contexto é realmente confuso, não se consegue saber de imediato se o que o ator fala no palco é realmente o que ele pessoalmente pensa ou se é pura interpretação, mas é possível desvendar alguns mistérios das sinceras desculpas do Eduardo Sterblitch.

Pontos Positivos:
- Ele relata um pouco de aspectos pessoais da sua vida em relação a sua escolha/vocação profissional, fala um pouco de seus sonhos (ex.: ser um ator do porte do Al Pacino ou do Paulo Autran, senão ser os próprios), comenta sobre suas aspirações, o motivo de estar ali naquele palco. A primeira coisa que ele faz quando entra em cena é se ajoelhar e beijar o palco. Ele explica de como gosta de estar ali, de como gosta do público, do cheiro bom da cadeira do teatro, do cheiro bom que vem do público. Conta sobre sua primeira (acidental) experiência no palco de um teatro, ocorrido quando tinha apenas 3 anos de idade e de como isso o afetou. Relata também a respeito de seus longos anos estudando dramaturgia (somando mais de 20) e de como gosta e se interessa pelo assunto.

- A banda que acompanha o Eduardo é indiscutivelmente excelente, acho que esse além de ponto positivo é o único ponto convergente do público (todos amaram). Pelo que li em algumas críticas, as pessoas que gostaram do espetáculo, gostaram de tudo que viram. E quem saiu odiando, realmente odiava tudo, com exceção da banda, que mesmo sendo maravilhosa, não consegue ofuscar o brilho do ator, este sim tem uma luz própria, não precisando de muita iluminação (se usa pouca luz no palco, mas assim mesmo o ator conseguia brilhar).

- Em determinado momento, o Edu entra no palco se acabando de chorar, passam-se alguns minutos e ele não para de chorar, algum tempo mais e ele continuava chorando, a platéia vai ficando cada vez mais apreensiva e quando estão todos acreditando na possibilidade dele estar chorando de verdade, ele começa a rir, a gargalhar. Ele demonstra ser profundo conhecedor das técnicas de interpretação. Ele conhece o público, sabe o que surpreende, ele conseguiu fazer suspense de um simples toque no interfone de um prédio. Ele também sabe convencer, tem poder de persuasão, uma hora nos convence a dar dinheiro para mendigos (porque a função do mendigo na sociedade é beber), outra hora diz que ninguém tem que dar dinheiro para mendigos (porque o mendigo tem que varrer o chão do bar para receber a bebida como pagamento).

- Ele soube fazer com propriedade algumas críticas à sociedade, ele sabe o que diz, faz uso de um humor inteligente. Mas você não se acaba de rir, tem alguns momentos bem sérios e intrigantes. É uma mistura de sentimentos meio incompreensível mesmo. Ninguém sabe quando ele está falando por ele, quando está falando pelo ator, quando é sério, quando é brincadeira, achei fascinante e diferente essa abordagem. Ele parece nos testar (o público) o tempo todo. Diz que não tem mais nada para falar, ou então diz algo que sabe que vai agradar fazendo uma pausa logo em seguida para sentir nossa reação. Algumas pessoas saíram ofendidinhas (acho que não entenderam “o teste”, houve comentários sobre o Edu não respeitar seu próprio público), mas não concordo nem um pouco. No início da peça depois que beija o palco, Eduardo vai ao encontro da platéia, cumprimenta cerca de 15 pessoas, apertando a mão de cada um e agradecendo por terem vindo (e com isso demonstra que valoriza seus fãs, ele sabe que deve respeitar e agradar seu público). Algumas pessoas acharam a peça um lixo e a criticaram porque acharam que estavam ouvindo lição de moral de um cara de vinte e poucos anos, mas aquilo foi só o mundo do “FAZ DE CONTA”, definitivamente não se deve levar o que foi dito na “ENCENAÇÃO” para o lado pessoal. “ERA TEATRO, E DOS BONS”.

- Outro ponto de grande discordância foram os quatro vídeos que passaram na tela durante o desenvolvimento da peça enquanto a banda tocava. O que ocorreu foi a união de várias formas de expressão/comunicação/entretenimento ao teatro. O público ouviu excelentes músicos tocando músicas perfeitas, viu um excelente ator interpretando algo tão cotidiano, algo tão óbvio e ao mesmo tempo surpreendente de maneira ímpar e sagaz, e assistiu vídeos (curtas metragens) que retratavam o que o ator queria falar, mas que não conseguia porque era cortado pela banda (estrategicamente, é claro). Inclusive eu li que dois daqueles vídeos, eram de diretores amadores, o que mostra outro ponto super positivo, o incentivo a esses profissionais. Por tudo isso, só me resta dar os parabéns pela união perfeita entre o teatro, a música e o cinema mostrados nessa peça. FOI BRILHANTE!

Ponto Negativo:
- Foi difícil, mas achei um e apenas um, que foi o fato do Eduardo fumar em cena. Ele fumou dois cigarros durante sua interpretação, mas o pior mesmo foi escutá-lo falar que como ele sonhava ser o ator Paulo Autran que morreu de câncer de pulmão, ele fuma para ter a probabilidade de ter uma morte idêntica e assim se igualar pelo menos nesse aspecto a seu ídolo. Sendo brincadeira ou não (atuação ou não), achei um tanto mórbido, pesado demais, realmente me incomodei com esse comentário.


E essas foram minhas sinceras explicações, gostei muito da peça e super recomendo, mas antes de sair de casa para assisti-la deem uma lida na sinopse para evitar frustrações por criar expectativas de que vai ver algo semelhante ao Eduardo como o humorista que faz os personagens do Programa Pânico, não é isso que se vê, trata-se de uma peça teatral, de um monólogo, o formato é completamente diferente do programa, salientando também que não é stand up comedy ou improviso. O próprio ator a classifica como um monólogo cômico e a proposta é interpretar um ator que se considera medíocre, completamente frustrado e entediado em relação a sua vida e carreira.

Fazendo a separação entre o INTÉRPRETE HUMORISTA que faz o Prateado do ATOR interpretando um ator medíocre, irônico, sarcástico, frustrado, mal sucedido e entediado com sua vida e carreira, que tenta passar o tempo fazendo o que mais gosta: que é atuar, percebe-se a diferença de formato. Eduardo INTERPRETA um ator que realmente é repetitivo em suas falas, conta piadas idiotas e critica alguns aspectos da nossa sociedade, ora tomando uma posição, ora outra. Mas tudo não passa de INTERPRETAÇÃO, na verdade, de uma grande ATUAÇÃO de um cara de apenas 24 anos muito mais ator do que alguns rostos frequentes do horário nobre.

Para facilitar posto a sinopse para que não pairem mais dúvidas sobre a proposta apresentada pelo ator:
Com 90m de duração, Minhas Sinceras Desculpas, representa um ator frustrado, tentando corresponder às suas próprias expectativas em um monólogo teatral, prostrado em cena como se iludindo seu próprio tédio, dentro de um teatro, e perante as pessoas que mereciam coisa melhor, pela falta do que se dizer, pela dificuldade de ser original, porém, precisando expor suas tensões.

A ideia é trazer de maneira cômica/sarcástica, assuntos não interessantes em pauta. Não só isso, diferenciar seus trabalhos, provando sua diversidade na dramaturgia. É neste momento que nomes de pesos do cenário musical entram em cena, e provam a essência que compõe “Minhas Sinceras Desculpas”: Marcinho Eiras nas guitarras, Dom Paulinho Lima no vocal, Luiz Claudio Faria no trompete, Luis Antunes na bateria, João Paulo, o JP no sax, Will no Trombone e Felipe Alves no contra baixo.


Esclarecimento sobre os vídeos que passavam enquanto a banda tocava:
“Os vídeos representam, em imagens, o que estaria sendo dito por mim. Esses vídeos são feitos por estudantes de cinema. A ideia é dar espaço para jovens cineastas que talvez/provavelmente também não correspondem com suas próprias vontades. O primeiro monólogo teatral onde a banda se torna mais importante do que o próprio ator”, satiriza Eduardo.